quarta-feira, 17 de julho de 2013

Catraca livre para o estudante pobre

Na década de 80, os deficientes físicos tinham autorização para descer e subir do ônibus pela porta  da frente entretanto deviam pagar a passagem.

Para obter a autorização, tínhamos que ir a CMTC na Rua Santa Rita no Pari e levar um monte de documentos para obter o cartão verde com um carimbo vermelho dizendo "Obrigatório o Pagamento da Passagem".

Aos 8 anos, quando comecei a usar o transporte sozinho, estudava na Saúde e usava um ônibus para chegar lá. Minha mãe não podia me levar pois meu irmão, ainda bebê, necessitava de cuidados. Éramos pobres. O salário de encanador de meu pai e de manicure de minha mãe mal dava para ter o que comer e, portanto, não tinha como pagar minha passagem. Podia ter estudado numa escola pública  em frente de casa, mas o ensino público já dava sinais de precariedade. Apesar de ser tachada de irresponsável por me deixar em transporte público sozinho, minha mãe preferiu colocar-me em uma escola particular onde teria  uma bolsa de estudo.

No ônibus passava a viagem toda tomando coragem em pedir  para descer do ônibus sem paga. Muitos motoristas constrangeram-me pelo fato. Com tempo, percebi que tinha dois motoristas da qual não chamava minha atenção. Esperava o tempo que fosse para entrar no carro em que eles guiavam. Passaram 30 anos desses sinais de humanidade e nem sei se eles ainda  estão vivos, porém agradeço a eles pois consegui completar minha boa educação básica graças as  suas relevâncias.

Hoje vivemos um momento melhor. O deficiente tem isenção no pagamento da passagem o que permite a uma maior locomoção. Eu, nos tempos atuais, não passaria por esse constrangimento.

Mas o aluno pobre ainda sofre em obter educação não tendo fundos para o seu transporte. Penso que não deveria ter empecilhos para o jovem frequentar uma boa escola. É lamentável um bom estudante ter de parar seus estudos pois não tem condições para seu transporte. O aluno perde por não obter uma educação melhor, a família perde  por não ter um exemplo que possa mudar a realidade dela, a cidade perde por não ter um cidadão educado que fará a cidade melhor nos cantos mais esquecidos dela e o país perde pois elimina a possibilidade de formar um concidadão que possa contribuir pelo crescimento da nação.




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